Um resmungo de indignação

16
14

 Quando chega o final do ano muitos Miguel-alvenses que estão morando distantes aproveitam o período festivo para visitar o berço amado, rever os amigos, abraçar os seus familiares e com eles celebrar o natal e festejar a chegada do novo ano. E no final do ano passado não foi diferente. Muitos voltaram a pisar no solo que os criou. Motivo de alegria, uma vez que alguns já estavam muitos anos ausentes. Porém, por trás da alegria sentida, um resmungo de indignação.

Como a indignação é um sentimento que dificilmente se consome calado, ouviu-se o eco da voz de cada um, tom de desabafo diante de tudo que os seus olhos viram ao caminharem pelas ruas esburacadas e desarrumadas da cidade, externado numa frase longa e recheada de verdades: “A gente passa anos e anos sem andar aqui, e quando volta vê que a cidade tá pior. Não muda nada. Cadê os políticos que não fazem nada pela cidade? A vontade que dá é de não vir mais aqui”.

Eis um sentimento de revolta que muitos ouviram e silenciaram. Uns por não poderem fazer nada, a não discordar e reclamar; outros por serem operários de uma obra maldita que há anos vem transformando Miguelaves numa cidade cratera, razão maior do resmungo de indignação que aflora do fundo dos corações verdadeiramente miguel-alvenses.

E assim a vida segue o seu curso. As festas se passaram, eles pegaram a estrada de volta, levando no peito a saudade da família, as boas lembranças das confraternizações de natal e ano novo, e certamente com o coração Miguel – alvense magoado diante do estado em que se encontra a nossa terra. Todavia, o amor materno fala mais alto e eles seguem viagem com o compromisso de voltarem um dia e com a esperança de que alguma coisa mude em nossa  terra.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here