Corinthians, Libertadores e sofrimento, elementos que, talvez, possam ser sinônimos num futuro breve. Os mais de 34 mil alvinegros que compareceram ao Pacaembu na noite desta quarta-feira voltaram a conviver com a tensão da busca do inédito título sul-americano. Em uma noite nervosa, de erros e uma atuação instável, o Timão fez o básico para se classificar diante de um adversário bastante limitado: venceu o Emelec por 3 a 0 e avançou às quartas de final. O adversário será o Vasco, que assegurou a vaga ao vencer, nos pênaltis, o Lanús.
O amplo placar não traduz o que o Corinthians realizou em campo. O início de jogo também mascarou o rendimento. Com apenas sete minutos, Fábio Santos colocou o Timão em vantagem. A equipe, contudo, foi se perdendo aos poucos e quase complicou um triunfo que parecia fácil. Erros na defesa, problemas na armação e um atacante muito dependente da inspiração de Emerson. Paulinho, perto da metade da etapa final, acabou com a angústia. Alex, já nos últimos minutos, fez o terceiro e matou o jogo.
O triunfo faz o Corinthians quebrar uma série negativa. A equipe não vencia no mata-mata do torneio desde 2000, ao eliminar o Atlético-MG. Depois disso, perdeu para Palmeiras (no mesmo ano), River Plate (oitavas de 2003 e 2006), Flamengo (oitavas de 2010) e Tolima (prévia de 2011).
GOL LOGO NO INÍCIO
Em uma partida cercada de tensão, a experiência e o talento de Emerson sobressaíram. Sheik foi essencial para que o Corinthians encaminhasse sua classificação às quartas logo nos primeiros minutos. Tite apostou todo o início de jogo pelo lado esquerdo, setor em que o atacante de 33 anos atormentou os marcadores e abriu caminho para o triunfo. Logo aos sete, em um espaço mínimo, ele encontrou Fábio Santos na área. O lateral ganhou a dividida com dois marcadores e tocou no canto direito de Dreer para colocar o Timão em vantagem.
O Emelec só acordou para atacar a partir dos 15 minutos, quando finalmente passou a ter seus jogadores do meio de campo mais próximos para tocar a bola. Giménez era o mais perigoso do time equatoriano. As chances, porém, foram poucas. A melhor delas esteve nos pés do argentino Figueroa, batendo errado na entrada da área. No mais, apenas cruzamentos pelo alto, todos afastados pela zaga.
Com o adversário avançado, o Corinthians teve espaço para levar perigo novamente e ficar perto de garantir a classificação ainda na etapa inicial. Faltou sorte e pontaria. Em erro da zaga equatoriana, Paulinho dominou a bola no peito e soltou uma bomba na marca do pênalti. Dreer espalmou milagrosamente. Em seguida, foi a vez de Willian se antecipar à marcação após cruzamento de Sheik, mas desviar por cima.
O Timão quase se complicou quando diminuiu seu ritmo ofensivo. O Alvinegro recuou para procurar os contra-ataques e passou a cometer erros, sobretudo na saída de bola, irritando a torcida em alguns momentos. Mesmo assim, por muito pouco o segundo gol não saiu já perto da ida para o intervalo. Depois de cruzamento para a área, Paulinho apareceu de surpresa na área e cabeceou na trave.
PAULINHO TIRA O TIMÃO DO SUFOCO
Os sustos dados pelo Corinthians no começo do jogo mudaram de lado. Tite trocou Edenílson, machucado, por Alessandro, mas o Emelec percebeu alguns pontos de instabilidade na defesa do Timão e voltou para a etapa final disposto a atrapalhar. Já no primeiro minuto, Cássio foi obrigado a salvar a equipe paulista daquele que poderia ser um duro golpe nos alvinegros. Em cobrança de falta, Valencia chutou muito forte, e o goleiro fez ótima defesa no canto direito.
A queda de rendimento do Corinthians fez a torcida entrar em alerta. O Timão passou a errar passes em demasia e a permitir que o adversário crescesse cada vez mais. Faltou qualidade para o Emelec tirar proveito da noite atrapalhada da defesa brasileira. Do outro lado, as falhas se acumulavam. Nem mesmo a presença de dois armadores, Alex e Danilo, permitiu que o Alvinegro segurasse o jogo no campo ofensivo.
O respiro corintiano veio apenas aos 19 minutos. Taticamente mal, a equipe de Tite colocou as mãos na vaga em um lance de bola parada. Chicão cobrou falta da intermediária para a área. Paulinho apareceu entre os zagueiros e desviou de cabeça, acertando o canto esquerdo de Dreer. Explosão de alívio no Pacaembu.
O segundo gol era o que faltava para o Emelec se entregar. A partir disso, o Corinthians passou a tocar a bola e gastar o tempo que faltava. Aos 40, com o adversário sem força, a equipe ainda encontrou o terceiro gol. Alex recebeu passe na área e tocou na saída de Dreer.