Faleceu no final da tarde desta quinta-feira (6), em Teresina, o ex-governador do Piauí, José Raimundo Bona Medeiros.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de União, José Feitosa (PPS), Bona Medeiros foi vítima de um infarto quando estava em casa. O ex-governador é pai do ex-prefeito de União, Gustavo Medeiros e sobrinho do atual prefeito Paulo Henrique Medeiros Costa (PSD).
O ex-governador chegou a ser levado ao Hospital São Marcos, mas não resistiu. A sessão da Câmara Municipal de União foi suspensa quando a morte de Bona Medeiros foi confirmada.
José Raimundo Bona Medeiros nasceu em União (PI) no dia 24 de dezembro de 1930, filho de Antônio Medeiros Filho e de Maria Bona Medeiros. Seu primo José Medeiros foi um dos próceres do Partido dos Trabalhadores (PT) no Piauí.
Bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Piauí.
Ingressou na política filiando-se à União Democrática Nacional (UDN), em cuja legenda foi eleito deputado estadual no pleito de outubro de 1962. Assumiu sua cadeira na Assembleia Legislativa do Piauí em fevereiro de 1963. Com a vitória do movimento político-militar de 31 de março de 1964 que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a consequente instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instaurado no país.
Reelegendo-se em novembro de 1966 na legenda da Arena, foi escolhido primeiro-secretário da Assembleia ao se iniciar novo período legislativo em fevereiro do ano seguinte. Exerceu essa função até o início de 1969, quando foi eleita a nova mesa. Em outubro desse ano, licenciou-se do mandato por ter sido nomeado prefeito de Teresina pelo governador Helvídio Nunes (1966-1970). Assumiu a prefeitura da capital piauiense nesse mesmo mês e nela permaneceu até maio do ano seguinte, quando se desincompatibilizou do cargo para concorrer a novo mandato de deputado estadual. Reassumindo sua cadeira na Assembleia, renovou seu mandato em novembro de 1970 e de 1974, e em fevereiro de 1975 foi eleito presidente da Assembleia.
Voltou a conseguir mais uma reeleição no pleito de novembro de 1978, ainda na legenda da Arena. Em março de 1979, nomeado prefeito de Teresina pelo governador Lucídio Portela, licenciou-se da Assembleia. Com a extinção do bipartidarismo em novembro desse ano e a consequente reformulação partidária, filiou-se em 1980 ao Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena no apoio ao governo. Permaneceu na prefeitura de Teresina até maio de 1982, quando se desincompatibilizou do cargo por ter sido escolhido pelo partido para compor, como candidato a vice-governador, a chapa encabeçada pelo deputado Hugo Napoleão. Em seguida, reassumiu sua cadeira de deputado estadual.
No pleito de novembro de 1982 foi eleito vice-governador do Piauí. Concluiu seu mandato na Assembleia Legislativa em janeiro de 1983, e em março assumiu seu novo cargo no governo do estado. A partir de então, substituiria o titular, interinamente, em 24 oportunidades.
Na sucessão presidencial de 1985, falta de consenso quanto à forma de escolha do candidato do PDS provocou uma cisão no partido. Os dissidentes formaram a Frente Liberal, que se uniu aos partidos de oposição, liderados pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), na Aliança Democrática, em apoio às candidaturas de Tancredo Neves e José Sarney, respectivamente a presidente e vice-presidente da República. Na eleição pelo Colégio Eleitoral, no dia 15 de janeiro de 1985, os dois candidatos da Aliança Democrática saíram vitoriosos. Uma semana depois, a Frente Liberal se transformou no Partido da Frente Liberal (PFL), do qual Bona Medeiros foi um dos fundadores.
Com a desincompatibilização do governador Hugo Napoleão para concorrer a uma cadeira no Senado, Bona Medeiros assumiu a chefia do Executivo piauiense em caráter efetivo em maio de 1986. Permaneceu no cargo até março do ano seguinte, quando passou o governo a Alberto Silva, eleito em novembro do ano anterior. No pleito de outubro de 1990, voltou a ser eleito deputado estadual na legenda do PFL. Assumiu sua cadeira na Assembleia em fevereiro de 1991 e tornou-se líder de seu partido na casa, além de membro titular e presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Reelegeu-se em outubro de 1994, mas deixou de concorrer à Assembleia no pleito de outubro de 1998, abrindo espaço para um de seus filhos. Exerceu o mandato até o fim de janeiro de 1999, quando se encerrou a legislatura. Em outubro de 2000, concorreu sem sucesso à prefeitura de União na legenda do PFL. Passou então a dedicar-se à carreira política do filho, Gustavo Medeiros, que foi eleito deputado estadual em 1998 e 2002 e prefeito de União em 2004.
Casou-se com Helena Conde Medeiros, com quem teve quatro filhos. Seu cunhado, Gervásio Costa Filho, um dos herdeiros da Indústrias Integradas Gervásio Costa, foi eleito prefeito de União em 1992 e em 2000.
FONTES: CURRIC. BIOG; FORTES, J. José; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (6, 8, 9, 11, 2000).