Na política a palavra perdão é usada com frequência e de forma eloquente pelos políticos. Poderíamos dizer que os políticos podem até não saberem da letra completa do samba “Atire a primeira pedra”, de autoria de Mário Lago e cantado por Ataulfo Alves, nos meados dos anos quarenta, mas decoraram direitinho o seu refrão: “perdão foi feito pra gente pedir”. E toda vez que eles percebem que o sentimento popular se insurge contra as suas traquinagens ou omissões, eles sobem nos palanques ou ocupam os meios de comunicação para pedir perdão. Quantos já pediram perdão e foram perdoados pelo povo? Isso faz parte do cotidiano político brasileiro.
Como Miguel Alves é Piauí, apesar de não ser visto nem lembrado pelo governo, e tem políticos de todos os quilates, a palavra perdão por lá já tem um adepto: o vereador Edmilson Caburé, presidente da Câmara Municipal. O jovem edil que hoje é um dos expoentes do governo estadual no município, ao conceder entrevista na rádio Pontual, no último domingo de 2010, atirou a primeira pedra na sua própria consciência ao pedir perdão ao povo de Miguel Alves por ter passado dois anos apoiando a gestão do atual prefeito, visto que o povo o elegeu para ser um vereador de oposição.
Pois bem, não podemos condenar a atitude do vereador Edmilson Caburé (PSB), até porque como dizia Raul seixas, “para todo pecado sempre existe perdão”. Portanto, cabe ao distinto público Miguel-alvense analisar a atitude do parlamentar ontem e hoje, para poder julgá-lo amanhã.
Pensando bem, como em Miguelaves nada se renova, tudo se repete, seria um ato de grandeza dos demais vereadores da situação e da oposição que tem a omissão como marca, repetir o gesto do vereador Caburé. Também seria louvável se o prefeito do município pedisse perdão ao povo pelos seus dois anos de governo. Afinal, “perdão foi feito pra gente pedir”. Pois é. “Perdão é lucro” já dizia Emmanuel.