Desde menino, ainda correndo pelas veredas de Santa Júlia, eu escutava os mais velhos dizer que a pressa é inimiga da perfeição. O tempo me fez compreender este dito popular que se torna cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. Todavia, alguns o ignoram e terminam agindo movido pela pressa com o intuito de mostrar serviço ou de recuperar o tempo perdido. O resultado nem sempre é o esperado.
Heródoto, o “Pai da História”, já dizia que “a pressa gera um erro em todas as coisas”. É verdade. Geralmente quem age com pressa termina saltando por cima da sombra e não consegue alcançar os seus objetivos. Portanto, nada melhor do que agir com prudência, procurando sempre usar o raciocínio ao invés da pressa. Pois como diz o filósofo grego “o raciocínio e a pressa não se dão bem”. Ou uma coisa ou outra.
Pois bem, se o raciocínio e a pressa não se dão bem, o que dizer então da pressa e o asfalto? Será que eles se entendem? Acredito que não. Há sempre um descompasso, um embaraço que termina fazendo com que a correnteza ou os buracos espantem o asfalto. Foi o que aconteceu em Miguel Alves.
Todos lembram que tão logo assumiu a prefeitura de Miguel Alves o prefeito Oliveira Junior não pensou duas vezes. Mandou asfaltar a Avenida Desembargador Simplício Mendes visando transformá-la no grande corredor da folia no carnaval de 2009. As máquinas zuaram, e com pressa derramaram e espalharam o asfalto, ou coisa parecida. De repente, enquanto os foliões se aqueciam para sambar no asfalto ao som de um potente trio elétrico, lá vem a chuva. Lá vai o asfalto sendo carregado pela correnteza. Tudo isso aconteceu por causa da pressa de querer fazer tudo depressa.
Na manhã de sexta-feira da semana passada, as máquinas do asfalto chegaram a Miguel Alves e foram recebidas com festa. Depressa e sob os olhares de populares, o ídolo negro, o asfalto, foi espalhado em volta da igreja. A notícia se espalhou ligeiro pela cidade. Nem mesmo o vídeo que caiu na net, no qual aparece o vereador Edmilson Caburé embriagado e caçando briga, mudou o foco das rodas de conversa.
Hoje, oito dias depois, as máquinas do asfalto pararam. O que aconteceu então? Esta é a pergunta que todos fazem em Miguel Alves. O misterioso asfalto sumiu? Por que não prosseguiu até onde foi combinado? Falta de dinheiro? O silêncio e às vezes o famoso “ouvi dizer que” servem como resposta para tais questionamentos. Talvez a pressa de querer fazer seja mais uma vez a inimiga que sempre aparece para dificultar os planos apressados do prefeito. Minha avó sempre dizia que quem come sem mastigar corre o risco de se entalar. Na mesma linha de raciocínio, uma administração sem planejamento incorre em sucessivos erros. É o que está acontecendo em Miguel Alves atualmente.
De qualquer maneira, com pressa ou sem pressa, espero ver as máquinas voltando para retomar o serviço de asfaltamento da avenida. Que elas voltem depressa porque o festejo tá chegando e o povo esperando pelo asfalto.