Viver do vôlei. Atuar todas as semanas e treinar até duas vezes por dia. Participar de uma Superliga e receber um salário que dê para se manter. Tudo isso é o que o vôlei profissional proporciona no Brasil e em vários lugares do mundo. Porém, na contramão dessa realidade, o Uruguai tem uma forma diferente de encarar o esporte. Celebrada na figura de Paola Galusso, levantadora um pouco acima do peso, a equipe celeste arrancou aplausos da torcida brasileira mesmo na derrota por 3 sets a 0 diante das donas da casa, na estreia do Pré-Olímpico Sul-Americano, em São Carlos. Tudo por amor à camisa.
Contra a seleção brasileira, as uruguaias entraram em quadra sabendo que não podiam vencer. A meta era aprender e ganhar experiência com o duelo. Afinal, nenhuma das atletas da seleção é profissional na modalidade. Todas trabalham e jogam vôlei amador. Paola, por exemplo, é executiva de uma multinacional e pegou licença no trabalho para poder representar seu país no Pré-Olímpico.
– Eu pratico vôlei desde os onze anos e tiro licença do trabalho para poder servir a seleção. Faço isso por amor. Amor à camisa do nosso país. Todas nós somos atletas amadoras, trabalhamos e estudamos. Respeitamos o Brasil e temos essas meninas como um exemplo a ser seguido. Elas são muito boas. Aproveitamos muito desse jogo – disse a levantadora.
Segundo Galusso, o resultado negativo na estreia do Pré-Olímpico não tira o prazer que é poder representar seu país. Para ela, tudo isso faz com que o time aproveite cada momento e faça a atuação ser cada vez mais por amor ao país.
O fato chamou atenção das brasileiras que estiveram em quadra. Fabiola, que atua na mesma posição, mas do lado do Brasil, se impressionou com o que viu e para ela a levantadora uruguaia mostrou que é possível, mesmo fora dos padrões, ser atleta.
– Como se vê, ela não é dos padrões normais. É um pouco mais fortinha e isso, querendo ou não, exige mais dela em quadra. Mas ela se supera, mostra que é possível jogar mesmo nessas condições. Com certeza a questão de ela trabalhar e não viver somente do vôlei interfere na forma física dela. A gente aqui no Brasil faz isso todos os dias e de uma forma muito intensa. Além de termos uma alimentação balanceada e uma rotina que para quem trabalha como ela, não dá para ter.